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O que causou recuo de 50 metros e outros fenômenos estranhos no mar do Brasil?

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O recuo da maré no Litoral Sul e Sudeste do Brasil, uma ocorrência bem incomum de ser registrada durante o inverno, desencadeou uma série de fenômenos intrigantes para especialistas e moradores destas regiões no último final de semana.

Em cidades do Paraná e de Santa Catarina, a chamada maré meteorológica negativa ou maré seca foi registrada com alcance e intensidade raros, de até 50 metros de recuo.

O ineditismo trouxe, como efeito da “excitação do mar”, algas (como na foto acima, na Ilha de Superagui, litoral paranaense) e espécies de animais marinhos que não costumam aparecer na costa brasileira neste período.

A agitação da maré não parou por aí: a mesma ocorrência foi registrada nas praias de Santos e no litoral norte de São Paulo. Já no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, aconteceu o contrário: grandes ondas e ressaca assustaram a população. O que causou tudo isso?

Recuo do mar e ressaca no litoral brasileiro

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Vento, pressão atmosférica e até a fase da Lua são alguns dos fatores que influenciaram a ocorrência do recuo da maré em extensão maior do que o normal nas cidades litorâneas no último final de semana.

Fato é que, mesmo com tantos elementos que tornaram esse evento raro, quem toma o lugar de protagonista é o vento: afinal, ele que empurra a água da beira da praia em direção ao alto mar.

Vento e anticiclone causaram recuo no Sul e em Santos

Na oceanografia, ciência que investiga as características dos oceanos, mares, rios e zonas costeiras, a explicação para essa relação entre movimento superficial da água e vento tem nome e sobrenome: “transporte de Ekman”.

“O vento que sopra sobre a água transfere energia do ar para água e gera ondas e correntes. Ele pode persistir por quilômetros da costa, por horas e até dias”, explica o diretor do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Mauricio Almeida Noernberg.

“O resultado médio dessa transferência do vento para o oceano é que vai transportar a água a um ângulo de 90 graus à esquerda da direção do vento”.

Acontece que, nos últimos dias, o vento soprou paralelo à costa e um forte anticiclone com formação na Argentina “entrou no caminho” desse mecanismo, fazendo com que esse transporte se acentuasse.

“Geralmente, esses sistemas vão diminuindo a intensidade, mas, neste caso, por vários processos, houve um alongamento mais acentuado”, explica o professor.

O registro da maré seca em Santos tem a ver com esse efeito “prolongado”, apesar de a cidade ter presenciado um recuo bem menor do mar, de 90 centímetros.

Pode ser um tsunami se formando?

Apesar de a retração do mar também ser um sinal de tsunamis, nem de longe este tipo de recuo da maré sugere alguma ameaça à população.

“O tsunami surge de movimentos da crosta terrestre e a água retorna em um curtíssimo espaço de tempo”, diferencia o professor.

Animais e plantas na costa

O surgimento de animais e algas também não é, a princípio, motivo de preocupação.

“É comum que animais mortos surjam na costa por causa da excitação do mar, devido aos ventos extremamente fortes”, comenta. “Já as algas, que identificamos na costa do Paraná, não são nocivas e são mais resultado de uma agitação do mar do que do recuo”.

Ressaca no Espírito Santo e grandes ondas no Rio de Janeiro

A ressaca destrutiva registrada no litoral do Espírito Santo e as grandes ondas do Rio de Janeiro também se associam a essa força do anticiclone vindo da costa da Argentina, que “estoura” em ondas fortes no Atlântico Sul.

A ocorrência já havia sido prevista pela Marinha e, de fato, é mais comum neste período. Quanto maior a extensão do mar, mais intenso o vento e maior tempo de duração do fenômeno, mais impactante será o movimento oceânico nestes eventos.

Fenômenos surpreendentes da natureza


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