
Na indústria do cinema, apenas 30% dos papéis importantes em filmes está na mão de mulheres. E essa estatística problemática tem incomodado cineastas e atrizes ao redor do mundo. Dessa vez, uma das principais estrelas da gigantesca franquia “Velozes e Furiosos” ameaçou abandonar a produção caso não haja uma força para mudar essa situação nos próximos filmes.
A atriz Michelle Rodriguez, que está ao lado de Vin Diesel desde o primeiro longa da franquia, de 2001, afirmou que “Velozes e Furiosos” precisa valorizar mais as personagens femininas nas histórias, caso contrário ela não vai querer participar das próximas. “’Velozes 8’ sai em vídeo hoje e eu espero que eles decidam respeitar mais as mulheres no próximo ou talvez eu precise dizer adeus a um trabalho muito amado”, escreveu a artista.
Teste de Bechdel
Uma das evidências de que “Velozes e Furiosos” transforma personagens femininas em figuras sem importância e que servem apenas de apoio para o desenvolvimento dos protagonistas (todos homens, claro) é que quase nenhum filme da franquia passa no Teste de Bechdel.
Elaborado pela cartunista norte-americana Alison Bechdel, o teste mede a representatividade feminina em produções audiovisuais com três questões simples: o filme tem mais de uma personagem feminina (com falas)? Elas conversam entre si? Sobre algum assunto que não envolva homens? Os filmes de “Velozes e Furiosos” não conseguem responder “sim” a essas questões.
E Michelle Rodriguez também apontou isso. “Tenho gravado ia filmes com Jordana [Breswter, que faz a irmã de Dom Toretto] há anos e consigo contar nos dedos de uma mão quantas vezes contracenamos. Acho isso patético e uma falta de criatividade”, declarou à Entertainment Weekly.

Ao longo dos anos, outras mulheres apareceram na franquia, como Gal Gadot, Helen Mirren e Charlize Theron, que fez a vilã do oitavo filme, mas ainda assim, a porcentagem é muito pequena se comparada à quantidade de importância dos homens nas tramas.
O problema
A atriz não está sozinha em sua frustração quanto à participação de mulheres no cinema, não só nas telas, mas também nos bastidores – apenas 7% dos cargos de direção no mundo estão com mulheres. E o grande problema é que a falta de representatividade acaba reforçando uma cultura que ainda coloca a mulher em uma posição inferior a do homem.
“A indústria tem responsabilidade nessa desigualdade. Filmes influenciam pessoas. Por isso, uma cultura conservadora contribui para a lentidão do progresso”, explicou ao VIX a cineasta sueca Ellen Tejle, que lidera um projeto para aumentar a participação feminina no cinema.
Para Michelle, nem mesmo o rendimento bilionário da franquia suprime o problema. “Isso pesa muito para mim, especialmente no ambiente dominado por homens em que trabalho. Não me sinto bem fazendo esse papel na frente de milhões de pessoas e isso, para mim, é mais importante do que dinheiro”, pontuou.
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