Cientistas da Universidade de Manchester, na Inglaterra, criaram um filtro que possui a capacidade de remover todo o sal da água do mar e torná-la potável.
Feito à base de óxido de grafeno, o material mais fino e mais resistente que existe, o filtro pode ser produzido de forma simples e acessível financeiramente em laboratório.
O planeta Terra possui cerca de 70% de água em sua superfície terrestre, entretanto, apenas 3% é doce e só um terço disso é acessível, enquanto o resto está em geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos. Isso somado a má condutas dos seres humanos com o meio ambiente está tornando a água potável rara em algumas regiões do planeta.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2025 14% da população mundial não terá mais acesso ao líquido. Entretanto, os resultados do estudo publicado na revista científica Nature promete transformar o panorama da falta de água no mundo e aumentar as reservas de água doce acessível do planeta.
Como tirar o sal da água do mar?
Quando o sal se dissolve nas moléculas de água, forma-se uma concha feita de moléculas de sal envolta por moléculas da própria água. Isso faz com que seja difícil que qualquer tipo de peneira consiga filtrar a água, impedindo a passagem do sal.
A pesquisa descobriu que quando imersas na água, as membranas de óxido de grafeno ficavam levemente inchadas. O que permitia que sais menores conseguissem passar ainda que dissolvidos na água, enquanto moléculas maiores ficavam bloqueadas. Só que, dessa forma, as membranas não seriam suficientes para filtrar o sal comum.
Agora, a nova técnica permitiu que a membrana não inchasse mais em contato com a água, fazendo com que os poros da fiquem estreitos o suficiente para bloquear o sal de passar junto com a água.
A peneira de óxido de grafeno consegue agir como uma “barreira perfeita para os menores átomos que você pode imaginar”, afirmou o professor envolvido nos estudos Peter Budd. “Ela é forte, é leve, é flexível, e tem uma notável capacidade de conduzir calor e eletricidade”, explica.
Já existem outras técnicas de dessalinização, mas essa é acessível financeiramente, além de poder ser útil para ajudar muitos outros processos, desde o tratamento da água, até a separação de gás como o dióxido de carbono, e outras separações de líquidos como a purificação industrial e produtos farmacêuticos.
“Espera-se que os sistemas de membrana de óxido de grafeno possam ser construídos em pequenas escalas, tornando esta tecnologia acessível a países que não têm a infraestrutura financeira para financiar grandes plantas sem comprometer o rendimento de água doce produzida”, explica a publicação oficial da Universidade de Manchester.
Filtro de Óxido de Grafeno: o que é?

Fruto de um estudo que já foi Prêmio Nobel (pelo cientista Andre Geim, em 2010), o grafeno possui uma capacidade incrível de filtrar nanopartículas (de até 100 nanômetros – 100 a bilionésima parte do metro), moléculas orgânicas e alguns tipos de sais (mas, até então, antes da descoberta, não podia ser usada para o sal comum, que exige uma peneira bem menor).
Ele é formado por camadas feitas por cadeias de carbono em forma hexagonal (tipo favos de mel) e possuem formas cristalinas. "Seria preciso um elefante, equilibrado em um lápis para quebrar uma folha de grafeno da espessura de um papel filme de PVC", descreveu um estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
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